A Apneia Obstrutiva do Sono (AOS) triplica os riscos de derrame em homens, de acordo com estudo feito pela Universidade Western Reserve, nos Estados Unidos, que analisou mais de 5 mil pessoas com idade acima dos 40 anos e que não tinham histórico de acidente vascular cerebral.
O estudo, publicado no American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine, também mostrou que o aumento do risco de AVC em mulheres com apneia do sono foi significativo apenas em casos de apneia grave.
Os cientistas disseram que a causa mais provável desses resultados, está ligada a maior duração da apneia do sono em homens do que em mulheres. Além disso, os homens podem desenvolver a síndrome mais cedo e, por isso, ficam mais tempo sem tratamento, uma vez que as complicações só começam a aparecer em idade avançada.
Mais de 15 milhões de acidentes vasculares cerebrais ocorrem em todo mundo a cada ano e, cerca de um terço são fatais. O estudo mostrou que o aumento do risco de derrame em pessoas com apneia existe mesmo sem outros fatores de risco, como peso, pressão elevada, diabetes e tabagismo.
O especialista e mestre em cirurgia buco-maxilofacial e membro da comissão para desenvolvimento de novas tecnologias e bioengenharia da Associação Mundial de Cirurgia Buco Maxilofacial (IAOMS) ressalta que uma boa noite de sono faz bem à saúde e, em geral, compreende de sete a oito horas contínuas de sono, sem perturbações.
Ele alerta que entre os distúrbios que causam alteração na qualidade do sono, merece destaque, por sua frequência elevada e impacto à saúde, a apneia. “O ronco é o sinal de alerta mais importante dessa condição. A apneia do sono pode levar à sonolência diurna, cansaço, dificuldade de concentração e perda de memória, diminuição da libido, problemas sociais e até acidentes de trânsito”, explica Marinho.
A AOS é uma doença comum caracterizada por episódios recorrentes de obstrução parcial ou completa da via aérea superior, com queda de oxigenação e/ou despertares breves associados. Os sintomas e sinais da AOS incluem ronco, sono agitado, redução da capacidade de concentração e de memória, alterações de humor e sonolência excessiva diurna. “A AOS pode, se não for reconhecida e tratada adequadamente, associar-se a conseqüências sérias da saúde, como doenças cardiovasculares e até levar à morte”, ressalta o especialista.
O diagnóstico dos distúrbios do sono, segundo Marinho, se baseia na análise de uma série exames e informações obtidas durante o sono em um exame chamado polissonografia. Outros exames que podem ser realizados para a identificação da doença são o estudo tomográfico das vias aéreas e da posição dos maxilares.
Dr .Luiz Marinho explica que existem tratamentos paliativos e definitivos em casos de apneia. “O tratamento paliativo inclui abordagem profissional multidisciplinar, com a participação de um neurologista , que irá identificar e determinar o nível da apneia e conduzirá o paciente a um otorrinolaringologista, que irá verificar se há desvios de septo e outros problemas locais que possam obstruir a passagem de ar. O outro profissional que atua nesse sentido é o cirurgião buco-maxilofacial , que fica responsável pelo aumento de todos os espaços das vias aéreas do paciente, por meio do distanciamento do palato e a língua da laringe. Ele também pode indicar uma placa reposicionadora da mandíbula.
Em casos mais graves, são necessários tratamentos mais definitivos como a traqueostomia ou a instalação de um aparelho chamado CPAP, que tem a função de provocar fluxo contínuo de ar e, ainda, a cirurgia para avanço e reposicionamento dos maxilares.
Marinho ressalta que o manejo adequado da AOS não apenas promove a melhoria dos sintomas, mas também pode contribuir para a otimização do controle da pressão arterial em pessoas com hipertensão arterial refratária, até para redução da mortalidade por causas cardiovasculares entre aqueles com apneia grave.
A clínica da qual é diretor oferece ao paciente um aparato tecnológico para a realização do exame adequado para o diagnóstico da apneia obstrutiva, como também todas as formas de tratamento com vários especialistas envolvidos nessa abordagem. “A AOS é um problema de saúde pública relevante devido a sua alta frequência na população geral e às várias doenças a que está associada. Estima-se que mais de 10% da população adulta, principalmente os homens, apresenta esse distúrbio e a melhor forma é tratar”, reforça Marinho.